CAPITULO I
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPITULO IV
CAPITULO V
CAPITULO VI
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CAPITULO IX
CAPITULO X
CAPITULO XI
CAPITULO XII
CAPITULO XIII
CAPITULO XIV
CAPITULO XV
CAPITULO XVI
CAPITULO XVII
CAPITULO XVIII
CAPITULO XIX
CAPITULO XX
CAPITULO XXI
CAPITULO XXII
CAPITULO XXIII
CAPITULO XXIV
CAPITULO XXV
O Rio de Janeiro ardia sob o sol de dezembro, que escaldava as pedras,bafejando um ar de fornalha na atmosphera. Toda a rua de S. Bento,atravancada por vehiculos pesadões e estrepitosos, cheirava á cafécrú. Era hora de trabalho.
Entre o fragor das ferragens sacudidas, o gyro ameaçador das rodas e oscorcovos de animaes contidos por mãos brutas, o povo negrejava suando,compacto e esbaforido.
Á porta do armazem de Francisco Theodoro era nesse dia grande omovimento. Um carroceiro, em pé dentro do caminhão, onde ageitava assaccas, gritava zangado, voltando-se para o fundo negro da casa:
—Andem com isso, que ás onze horas tenho de estar nas Docas!
E os carregadores vinham, succedendo-se com uma pressa phantastica,atirar as saccas para o fundo do caminhão, levantando no baque nuvensde pó que os envolvia. Uns eram brancos, de peitos cabelludos malcobertos pela camisa de meia enrugada, de algodão sujo; outros negros,nús da cintura para cima, reluzentes de suor, com olhos esbugalhados.
Ao cheiro do café misturava-se o do suor d'aquelles corpos agitados,cujo sangue se via palpitar nas veias entumescidas do pescoço e dosbraços.
No desespero da pressa, o carroceiro soltava imprecações, aos berros,furioso contra os outros carroceiros, que passavam raspando-lhe a caixado caminhão, todo derreado para a aniagem das saccas, respirando apoeirada que se levantava d'ellas. Os outros respondiam com eguaesimproperios, que os cocheiros dos tilburys, em esperas forçadas, ouviamrindo, mastigando o cigarro.
Os carregadores serpeavam por meio de tudo aquillo, como formigas emcorreição, com a cabeça vergada ao peso da