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DISPERSÃO

DE MARIO DE SÁ-CARNEIRO:

+Amizade+, peça em 3 actos (com a colaboração de Tomás CabreiraJunior)—edição da Livraria Bordalo; Lisboa 1912.

+Princípio+, novelas (Loucura…, O sexto sentido, Diarios, Oincesto)—edição da Livraria Ferreira, Lisboa 1912.

+Dispersão+, 12 poesias—edição do autor; Lisboa 1914.

+A Confissão de Lucio+, narrativa—edição do autor; Lisboa 1914.

+Céu em Fôgo+, novelas (O homem dos sonhos, O fixador de instantes,
Misterio, Novela errada, Asas, Claro-escuro, A estranha morte do Prof.
Antena, Mundo interior, Ressurreição, Aquêle que estiolou o genio,
Eu-proprio o outro, A grande sombra)
—a sair em 1915.

A seguir:

+Ideal+, novelas (O homem que foi Deus, Algumas cartas de amor, Avitória, Triste amor, Um genio).

+Indicios d'Ouro+—Versos.

DISPERSÃO—12 POESIAS

POR MARIO DE SÁ-CARNEIRO.

EM CASA DO AUTOR:

1, TRAVESSA DO CARMO—LISBOA1914

Tiragem: 250 exemplares

Capa desenhada por

JOSÉ PACHECO

I—Partida

PARTIDA

Ao ver escoar-se a vida humanamente
Em suas aguas certas, eu hesito,
E detenho-me ás vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito.

Afronta-me um desejo de fugir
Ao misterio que é meu e me seduz.
Mas logo me triunfo. A sua luz
Não ha muitos que a saibam reflectir.

A minh'alma nostalgica de àlem,
Cheia de orgulho, ensombra-se entretanto,
Aos meus olhos ungidos sobe um pranto
Que tenho a força de sumir tambem.

Porque eu reajo. A vida, a natureza,
Que são para o artista? Coisa alguma.
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no asul á busca da beleza.

É subir, é subir àlem dos ceus
Que as nossas almas só acumularam,
E prostrados resar, em sonho, ao Deus
Que as nossas mãos de aureola lá douraram.

É partir sem temor contra a montanha
Cingidos de quimera e d'irreal;
Brandir a espada fulva e medieval,
A cada hora acastelando em Espanha.

É suscitar côres endoidecidas,
Ser garra imperial enclavinhada,
E numa extrema-unção d'alma ampliada,
Viajar outros sentidos, outras vidas.

Ser coluna de fumo, astro perdido,
Forçar os turbilhões aladamente,
Ser ramo de palmeira, agua nascente
E arco de ouro e chama distendido…

Asa longinqua a sacudir loucura,
Nuvem precoce de subtil vapor,
Ansia revolta de misterio e olor,
Sombra, vertigem, ascensão—Altura!

E eu dou-me todo neste fim de tarde
Á espira aerea que me eleva aos cumes.
Doido de esfinges o horizonte arde,
Mas fico ileso entre clarões e gumes!…

Miragem rôxa de nimbado encanto—
Sinto os meus olhos a volver-se em espaço!
Alastro, venço, chego e ultrapasso;
Sou labirinto, sou licorne e acanto.

Sei a Distancia, compreendo o Ar;
Sou chuva de ouro e sou espasmo de luz;
Sou taça de crist

...

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