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Christovam Ayres
Manuel da Maya e os engenheiros militares portugueses no Terremoto de1755
Com os retratos de Manuel da Maya, Carlos Mardel e J. Frederico Ludovici
LISBOAImprensa Nacional1910
Christovam Ayres
Manuel da Maya e os engenheiros militares portugueses no Terremoto de1755
Com os retratos de Manuel da Maya, Carlos Mardel e J. Frederico Ludovici
LISBOAImprensa Nacional1910
Á benemerita corporação dos engenheiros portugueses, militares e civis
Consagra
Christovam Ayres
MANUEL DA MAYA E OS ENGENHEIROS MILITARES PORTUGUESES NO TERREMOTO DE1755
Interessante no estudo relativo ao seculo XIII é ver, emborasummariamente, o papel que tiveram os nossos engenheiros militares narestauração da cidade de Lisboa, após o terremoto de 1755, sobretudo oengenheiro-mor Manuel da Maya e os que mais directamente foramincumbidos dos monumentaes trabalhos, que honram a engenhariaportuguesa.
Na Revista da Sociedade de Instrucção do Porto (vol. II, 1882, pag.271) a eminente escritora D. Carolina Michaëlis de Vasconcellos,tratando da impressão que na Allemanha produzira esse memoravelterremoto, refere-se a tres estudos que, logo em seguida, apresentou ogrande philosopho Kant, e que se ligam com outra obra mais consideravelpor elle publicada no mesmo anno: Allgemeine Naturgeschichte undTheorie des Himmels. D'esses tres estudos, o segundo é o que mais nosinteressa; porque descreve o terremoto, trata das suas causas physicas,e sobre elle faz considerações scientificas de grande alcance; e aillustre escritora, dando noticia do seu conteudo, observa:
«Lendo este estudo de Kant acudiu-nos á memoria aquella carta, cheia debom senso, que Gil Vicente mandou de Santarem a El-Rei D. João III«estando Sua Alteza em Palmella, sobre o tremor de terra que foi a 26 dejaneiro de 1531». O philosopho allemão leva a vantagem ao poetanacional[1] quanto a saber o ponto de vista critico; entre um e outro hadois seculos de estudos scientificos; mas o nosso Gil Vicente não lhefica atrás na inteireza do juizo e verdade do sentimento.
É provavel que as numerosas relações contemporaneas sobre o terremoto,que Kant teve á vista, não fossem todas igualmente fieis; comtudo, ophilosopho, armado com uma sciencia superior, positiva, e com umcriterio elevado, soube distinguir claramente entre os casosimpossiveis, inventados, e as verdades provaveis, tomando estas parabase dos seus estudos. Teria o grande Marquês de Pombal, na epoca em quedelineava o novo plano de Lisboa, noticia do seguinte importanteconselho do illustre philosopho: que as arterias das grandes cidadesameaçadas não se devem construir paralelas ás vias fluviaes (isto é,emquanto a Lisboa, do Occidente para o Oriente), porque o movimento dotremor segue essa direcção e prolonga-se pelo curso dos rios? (pag.404). A sciencia já então tinha feito esta e outras descobertas».
A estas observações da illustre escritora acrescentaremos que, serealmente se obedeceu a esse principio scientifico, não se pode regatearao grande Pombal a gloria de mais essa fo