NOTA:
Este romance foi publicado em folhetim, no Jornal do Commercio doRio de Janeiro, em 1905.
CAPITULO I
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPITULO IV
CAPITULO V
CAPITULO VI
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CAPITULO IX
CAPITULO X
CAPITULO XI
CAPITULO XII
CAPITULO XIII
CAPITULO XIV
CAPITULO XV
CAPITULO XVI
CAPITULO XVII
CAPITULO XVIII
CAPITULO XIX
CAPITULO XX
CAPITULO XXI
—Que temporal!
—E um friosinho! Conhecem vocês nada mais gostoso do que ouvir-se obarulho forte da chuva quando se está agazalhado? Eu estou-meregalando!
—Sempre o mesmo egoista! Como estás em tua casa!... mas... desalmado,lembra-te de nós! São quasi horas de me ir recolhendo aos meuspenates. E alli o padre Assumpção, caso não fique pelo caminho, terátambem que marchar um bom pedaço a pé. Ao Telles, esse o bond leva-oaté ao quarto de dormir! Nasceu impellicado.
Por essa feia noite de chuva, conversavam em casa do advogado ArgemiroClaudio, no Cosme Velho, o seu grande amigo padre Assumpção, odeputado Armindo Telles e o Adolpho Caldas, homem de quarenta annos, semprofissão determinada, mas muito bem acceito nas rodas politicas elitterarias, que frequentava assiduamente.
Tinham jantado tarde, fumavam agora na bibliotheca de Argemiro, sentadosá mesa do poker.
Menos por virtude que por cansaço, padre Assumpção não quizera tomarparte no jogo e andava pela sala sacudindo o panno da batina a cadaimpulso das suas largas passadas. Era alto, magro, anguloso, de uma côrpallida; e nas suas feições accentuadas, em que melhor condiria osarcasmo, havia uma tal expressão de candura, que Adolpho Caldascostumava dizer:
—O riso do Assumpção cheira a rosas brancas.
O dr. Argemiro, advogado, conforme rezavam os diarios do Rio—dos maisdistinctos do nosso fôro—jogava por jogar, sem vivo interesse, sópara pretexto de chamar os amigos á sua casa de viuvo e de lhe dar umapalpitação de alma que lhe ia faltando...
«Ah! uma casa sem mulher, afirmava elle, é um tumulo com janellas:toda a vida está lá fóra...» E lembrar-se que aquillo havia de serpara sempre!
O dr. Argemiro Claudio de Menezes, descendente directo dos Iglesias deMenezes, nobres de Portugal, cujo solar brazonado existe ainda, bem quearruinado, naquelle reino, em terras limitrophes da Hespanha, á beirade um ri